terça-feira, abril 28, 2009

Depois do Fim

Espalha os cacos pela casa enquanto caminha.
Não importa.
Já não importa.
Esperou pacientemente
que o dia terminasse.
E então compreendeu
aquilo que já adivinhara:
que aquele sim fora um não
que o fim já havia passado
e agora era um tempo além
daquilo que não se tem.

quinta-feira, abril 23, 2009

Morte

Restou a desordem inesperada das horas graves: armários escancarados, gavetas remexidas, documentos espalhados.
Alguém procura a senha do banco, ligações pro gerente conhecido. Gravidade pela casa. Música não pode, diz minha mãe.
Não quis ir ao enterro. Não queria essa lembrança pra desenterrar mais tarde. Mas, de certa forma, foi um erro: continei achando que meu avô ainda chegaria do bilhar. E continuei levantando de sua poltrona preferida toda vez que o portão da rua rangia.

sexta-feira, abril 17, 2009

Sábado

Você já não sabe nada de mim.
Não sabe que ele me beijou numa tarde ensolarada.
Deitados no chão
nós nos cegávamos de céu.