quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Fantasias

Desfilam bailarinas perto de mim. As sapatilhas de ponta no asfalto.
Fadas tecem feitiços. Sacam o pó de pirlimpimpim e ele se confunde com os confetes.
Passam palhaços afoitos. O sorriso marcado no rosto, mesmo quando a boca não sorri.
Enfim... desfilam: borboletas, piratas, sacis.
No fim da noite, restam a fantasia sobre o sofá, os confetes pelo chão da casa. A serpentina enrolada na antena da tv.
Uma mágica momentânea findou.
Não será o último dia do tempo.
Outros carnavais virão.

quarta-feira, fevereiro 21, 2007

O Bloco

Ando na mão oposta. Contra o bloco. Contra a corrente de foliões.
Tudo desliza sob a chuva fina. Alguém grita ao longe. Não entendo. Dinheiro, cabeleira, Zezé.
O som vai se abafando em meus ouvidos. Porque rumo contra.
Contra a maré de alegria, contra a massa enlouquecida, contra os ambulantes e toda essa tralha gelada, o gelo potável do isopor.
Tento avançar. Esse nada me detém. Aqui não há espaço para o que é triste, devagar, sombrio.
Acho alguém na multidão. Quero salvar-me, achar-me nessas ruas estreitas de paralelepípedos escorregadios.
A chuva nos protege.
De repente, o bloco faz a curva e me vejo só no largo. Debruço nas grades aliviado.
Desorientado. Mas a salvo.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Postal

Desenhou um sol com um sorriso atrás do cartão postal.
Não sabia mais o que dizer...

Síntese

Tudo isto sou eu.
Estas contradições despedaçadas
este sorriso
esta lágrima.

Este sim
e este não.

Carnaval

Os foliões atravessam
a avenida.
Bate-bolas, bailarinas, palhaços
desfilam alegrias.
Chove confete e serpentina.
A bateria
não abafa as batidas
aqui de dentro.