segunda-feira, dezembro 29, 2008

Balanço (Multimídia) de Final de Ano (2008)

Esse ano eu li muito pouco. Então vou colocar aqui todos os livros que eu (lembro que) li, independentemente de ter gostado ou não...
Acho que esse ano foi mais dos filmes do que de qualquer outra coisa.

Filmes:

- A Culpa é do Fidel
- Senhores do Crime
- Juno
- XXY
- Irina Palm
- Antes que o Diabo Saiba que Você Está Morto
- Do Outro Lado
- Onde os Fracos Não Têm Vez
- Coisas que Perdemos pelo Caminho
- Ensinando a Viver
- Meu Irmão É Filho Único
- Rebobine, por favor
- Me and You and Everyone We Know

Livros:
- A Menina que Roubava Livros (Markus Zusak)
- Ninguém Escreve ao Coronel (Gabriel Garcia Marquez)
- Do Amor e Outros Demônios (Gabriel Garcia Marquez)
- Tudo que Eu Queria te Dizer (Martha Medeiros)
- Férias de Mim Mesmo (Santiago Nazarian)
- A Revolução dos Bichos (George Orwell)
- O Apanhador no Campo de Centeio (J. D. Salinger)
- A Viagem do Elefante (José Saramago)
- A Metamorfose (Franz Kafka)

Música:
- Teatro Mágico
- Madeleine Peyroux
- Carla Bruni
- Marcelo Camelo

Shows:
- Nação Zumbi
- Teatro Mágico
- Marcelo Camelo

terça-feira, novembro 25, 2008

eterno

tudo retorna
a velha dor doendo igual
os mesmos cacos
as mesmas feridas.
retornam aqueles
que um dia foram queridos.
hoje não.
hoje (me) encontram aqui
outra pessoa.
uma qualquer.
sem passado.
e sem dores.

domingo, setembro 21, 2008

Arpoador

Ele sentou ao meu lado.
O negrume denso da noite caindo sobre nós.
O som bravo das ondas sossegando tudo.

terça-feira, agosto 12, 2008

Tudo Aquilo Que Não me Cabe

Não quero apenas a mocinha da estória:
quero a vilania dos crimes premeditados.
Não quero apenas o preto no branco:
quero o colorido.
Não quero apenas verdade
quero mistério.
Não quero só comédia
quero o melodrama
de tudo quanto é visceral.
Errar o alvo
perder o combate:
eu quero ir além.

terça-feira, julho 29, 2008

Farsante

Esta vida
estampada em fotos coloridas
sorrisos
muitos amigos.
Esta vida
cheia de sol
de mar
e de alegrias...
Esta vida...
não é minha.

Perecível

Tem um tempo
atrás daquela fotografia
onde todas as coisas eram felizes.
Hoje
os nomes se esquecem pelas gavetas
sobram contas no armário da despensa
e evitamos as rugas no espelho.
O bicho do medo mora embaixo desta cama
e, ao tentar vê-lo,
ele me acerta bem no olho:
no olho do furacão.

sexta-feira, junho 13, 2008

Gritos

Se você abrir os olhos agora
ainda dá tempo de ver.
As maritacas esvoaçando sua histeria entre os blocos de cimento.
Ninguém diria que elas imporiam assim 
natureza 
a esta cidade cinza.
(A gente finge que não escuta
e continua dormindo.)

Ciclos

Os dias têm sido difíceis, vazios...
Surpreendentes.
O sol, renascido, reina indiferente às nuvens de quem quer que seja.
O inverno se desenha mais uma vez. 
Como num ciclo, os mesmos acontecimentos se apresentam: uma viagem, uma mudança, uma paixão descolorida... 
O tempo apaga aquilo que um dia foi feliz.
Eu caminho à beira da praia tentando recobrar alguma serenidade.
O calor do sol me abraça.
Eu caminho.

quinta-feira, abril 03, 2008

Viver para Lembrar

Tentava lembrar daquilo que já não seria. Em vão.
As coisas que passaram, esquecidas, restavam silenciosas como fotos em preto e branco no fundo de um velho baú: a avó morta, os vestidos remendados, o vôo dos morcegos no final de todas as tardes.
Tudo esquecia.

sexta-feira, março 21, 2008

Claro

Quando ele acordou, olhou pela janela e constatou: tem dias que o mar cheira mal. Com uma certa desesperança no olhar, um cansaço de estar vivo.
Mas o sol punha uns riscos brilhantes na água. Que ele achou tão bonitos...

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

Insólito

E o sonho era assim: ele viria em silêncio quando nada mais restasse. Quando tudo fosse pó, vestígio desenganado.
Ele viria quando as flores do jardim tivessem secado. Quando já não houvesse mais jardim. Quando todas as plantas tivessem morrido tristonhas em seus vazos, quando o disco da cantora francesa estivesse mofado e o banheiro adquirisse aquele cheiro medonho dos lugares fechados há muitos anos atrás.
Viria taciturno, encolhido. Calado.
Mas viria.
Quando a geladeira estivesse vazia e desligada, os temperos mofados nos frascos, a alquimia das manhãs desfeitas e as folhas secas espalhadas pelo chão da sala.
Ele viria.
Traria nos olhos algumas rugas tristes que ela jamais conhecera, traria mãos murchas de saudade... Traria nos passos um retorno triste...

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

A Fuga

Até que um dia ela decidiu fugir. Pensou nas coisas que devia levar: os cigarros que não fumava, os incensos que já não acendia há anos e que um amigo da adolescência havia dado - quase perderam o cheiro. Naquela mania louca de guardar para lembrar e não viver.
Depois pensou que levaria os livros. Sim, os livros. Aqueles com anotações. Coisas sublinhadas cujo motivo ela já não sabia. Queria lembrar. Não podia.
Pensou ainda em levar os remédios. Os diagnósticos infelizes, uma ou duas fotos, algumas 3x4... P&B, algumas coloridas. Não sabia.
Pensou melhor: seria melhor não levar nada. Iria com a mochila vazia.
Talvez então pelo caminho acumulasse algo. Algo que ainda não a pertencia. Nem isso queria. Decidiu não levar mesmo nada. Nem bolsas, nem carteiras, nem maquiagens. Lenços, mudas de roupa. Nada. Escolheu uma roupa velha qualquer. Uma calça jeans surrada e saiu.
Fugiu até se perder. E até esquecer. E fugiu sempre antes que soubessem que era ela. Antes que ela pudesse lembrar.
Fugiu de lembrar até esquecer.

quarta-feira, janeiro 30, 2008

quarta-feira, janeiro 02, 2008

Será?! *

"o que é meu tá guardado.
sei que qualquer hora virá
por enquanto
espero como espera
o artilheiro a bola
alçada na área
o nariz o aroma
dos jasmins em dezembro
o poeta a palavra
para matar o poema.

sem problema
o que é meu tá guardado.
aguardo."

Chacal

* Este poema foi publicado no blog do Chacal com o título "Até Já".