Soube que os dias andam frios por aí. Aqui faz o calor de sempre mas as nuvens de março amenizam o clima certas tardes.
Ando a escrever-te coisas sem sentido, meu amigo, e peço que me perdoes. Mas quanto mais falo-te sobre nada mais a sensação de que estou a dizer-te tudo quanto é imprescindível me invade. Porque nessas palavras está tudo quanto quero dizer-te.
Bem sabes que sinto falta de teus humores. E mesmo de teu desânimo. Porque és sobretudo humano. Talvez demasiado. E todos por aqui parecem sempre tão ocupados que não posso compreender. As conversas são sempre as mesmas e não posso encenar essa trama cotidiana. Começam a estranhar-me no escritório porque saio sempre só. Prefiro assim. Alguns dias sequer faço minha refeição. Apenas ando pela cidade observando as árvores, o vento escasso que ainda corre nesses dias quentes de verão. E penso que preciso disso. Preciso desses passeios para constatar que tudo está como antes. Ou, pelo menos, para começar a me acostumar com o que há de novo.
Fico por aqui, caro amigo. Espero que esta carta venha a encontrar-te com saúde.
A.
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