Ontem, sábado à noite, fui ver o pessoal da Escola Lucinda de Poesia Viva se apresentar na Renovar em Ipanema. O Recital foi sobre Mario Quintana - o poeta passarinho... E além das lindas palavras ditas por lá foi bom também reencontrar alguns colegas da turma do Workshop: Natália - linda, linda de cabelinhos curtos, Nelson, Leila, Henrique (ei! será que o Bagunçando não volta mesmo? hunf...) e Alexis que anda por aí organizando altos eventos. Aliás, assim que ele me mandar a divulgação oficial da coisa eu publico aqui.
Por enquanto, fica o poema abaixo na minha memória com a voz firme da Claudia:
De gramática e de linguagem
E havia uma gramática que dizia assim:
“Substantivo (concreto) é tudo quanto indica
Pessoa, animal ou cousa: João, sabiá, caneta”.
Eu gosto é das cousas. As cousas, sim!...
As pessoas atrapalham. Estão em toda parte. Multiplicam-se em excesso.
As cousas são quietas. Bastam-se. Não se metem com ninguém.
Uma pedra. Um armário. Um ovo. (Ovo, nem sempre,
Ovo pode estar choco: é inquietante...)
As cousas vivem metidas com as suas cousas.
E não exigem nada.
Apenas que não as tirem do lugar onde estão.
E João pode neste mesmo instante vir bater à nossa porta.
Para quê? não importa: João vem!
E há de estar triste ou alegre, reticente ou falastrão.
Amigo ou adverso... João só será definitivo
Quando esticar a canela. Morre, João...
Mas o bom, mesmo, são os adjetivos,
Os puros adjetivos isentos de qualquer objeto.
Verde. Macio. Áspero. Rente. Escuro. Luminoso.
Sonoro. Lento. Eu sonho
Com uma linguagem composta unicamente de adjetivos
Como decerto é a linguagem das plantas e dos animais.
Ainda mais:
Eu sonho com um poema
Cujas palavras sumarentas escorram
Como a polpa de um fruto maduro em tua boca,
Um poema que te mate de amor
Antes mesmo que tu saibas o misterioso sentido:
Basta provares o seu gosto...
Mario Quintana
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