"(...)E quem adivinha ao menos em parte as consequências de toda profunda suspeita, os calafrios e angústias do isolamento, a que toda incondicional diferença do olhar condena quem dela sofre, compreenderá também com que frequência, para me recuperar de mim, como para esquecer-me temporariamente, procurei abrigo em algum lugar (...). Mas o que sempre necessitei mais urgentemente, para minha cura e restauração própria, foi a crença de não ser de tal modo solitário, de não ver assim solitariamente - uma mágica intuição de semelhança e afinidade de olhar e desejo, um repousar na confiança da amizade, uma cegueira a dois sem interrogação nem suspeita, uma fruição de primeiros planos, de superfícies, do que é próximo e está perto, de tudo o que tem cor, pele e aparência (...)."
Para meu amigo Paulo, estas belas palavras de Nietzsche em "Humano, demasiado humano". Sempre ouvi dizer deste filósofo que ele era rude e contestador... É o primeiro livro que leio seriamente dele, e tenho o prazer de encontrar essas palavras logo no início. E porque as considero doces e muito humanas é que as ofereço a ti, amigo.
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