Ando na mão oposta. Contra o bloco. Contra a corrente de foliões.
Tudo desliza sob a chuva fina. Alguém grita ao longe. Não entendo. Dinheiro, cabeleira, Zezé.
O som vai se abafando em meus ouvidos. Porque rumo contra.
Contra a maré de alegria, contra a massa enlouquecida, contra os ambulantes e toda essa tralha gelada, o gelo potável do isopor.
Tento avançar. Esse nada me detém. Aqui não há espaço para o que é triste, devagar, sombrio.
Acho alguém na multidão. Quero salvar-me, achar-me nessas ruas estreitas de paralelepípedos escorregadios.
A chuva nos protege.
De repente, o bloco faz a curva e me vejo só no largo. Debruço nas grades aliviado.
Desorientado. Mas a salvo.
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