segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Luísa e Seus Olhos de Diamante

I

Luísa olhou-me com seus olhos de diamante - duros e insondáveis. Depois, atirou-me pequenas verdades dolorosas. Mas já não me olhava: tinha-os fixos em alguém incrustado na parede dos fundos.
Por vezes desviei - incrédula - os meus olhos naquela direção. Quem estava ali naquela parede que eu bem conhecia? Quem Luísa mirava enquanto disparava - rifle em punho mirando o alvo - aquelas duras palavras?

sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Aprendendo a ser feliz

Quando o sorriso se abrir
(eu te prometo)
nesse exato momento
vai se abrir o sol.
Não este sol que nos aquece no verão
mas aquele dentro de ti que faz o sorriso então
tornar-se
real.

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Silente

O teu silêncio atravessa o Atlântico,
atravessa as paredes deste cômodo.
Posso ouvi-lo daqui: ele me desperta.
Abro os olhos, ainda está escuro.
Sei que estás calado.

quarta-feira, fevereiro 08, 2006

Poesia Viva

Ela está ali bem perto... Como se fosse alguém cotidiano.
Não é.
A poesia de Elisa me persegue em minha memória desde a adolescência. Conhecê-la agora e poder aproveitar e desfrutar do talento que ela tem não só - como se fosse pouco - para escrever como também para falar poesia realmente me abastece.
Hoje, no final da "aula" eu, aluna dedicada, pedi desculpas pela tietagem... Mas é que eu tenho esse livro há anos, eu o dei de presente para o meu marido quando ainda éramos namorados e se eu chegar em casa sem esse autógrafo... ah... sei não!
Então Elisa abriu o livro e viu, cor de rosa, o poema dedicatória que eu fiz pro maridão. Me pediu para eu ler, já que a letra não ajudava, e eis que eu me abaixei ali ao seu lado para dizer humildemente aqueles meus versos de menina.
Se a poesia de Lena Jesus Ponte queria beber na biquinha do quintal de Adélia Prado, a minha queria apenas fazer escola com Elisa Lucinda. E faz. Por que não?!

sexta-feira, fevereiro 03, 2006

quinta-feira, fevereiro 02, 2006

Tocando em frente?

Entro no táxi e o motorista me pergunta se o rádio está alto, se deve ligar o ar, qual pista ele tem que pegar... Aceno ora positiva ora negativamente esperando que ele veja os sinais-resposta pelo retrovisor. Ando sem palavras para dizer. Mas começa essa música e então entendo que já não preciso tentar, que o que pressinto já foi dito aqui...

Tocando Em Frente

"Ando devagar porque ja tive pressa
E levo esse sorriso porque ja chorei demais
Hoje me sinto mais forte
Mais feliz quem sabe?
Eu só levo a certeza de que muito pouco eu sei
E nada sei
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor para poder pulsar
É preciso paz para poder sorrir
É preciso chuva para florir
Penso que cumprir a vida seja simplesmente
Compreender a marcha e ir tocando em frente
Como um velho boiadeiro levando a boiada
Eu vou tocando os dias pela longa estrada
Eu sou...e pela estrada eu vou...
Conhecer as manhas e as manhãs
O sabor das massas e das maçãs
É preciso amor para poder pulsar
É preciso paz pra poder sorrir
É preciso chuva para florir
Todo mundo ama um dia todo mundo chora
Um dia a gente chega o outro vai embora
Cada um de nos compõe a sua história
e cada ser em si carrega o dom de ser capaz de ser feliz"

Almir Sater e Renato Teixeira